Ao iniciar este curso, cada um deve, tanto quanto possível, pôr de lado, no momento, todas as teorias e crenças existentes anteriormente. Desta forma, você se poupará do trabalho de experimentar, através de todo este curso, de colocar “vinho novo em odres velhos”. (Lucas 5:37). Se algo não ficar claro, ou se você não concordar com alguma ideia transmitida, à medida que prosseguirmos, deixe que isso permaneça, passivamente, em sua mente até que tenha lido todo o livro, porque muitas das ideias, que a princípio causariam antagonismo ou discussão, ficarão claras e serão facilmente aceitas um pouco adiante. Depois de ter concluído este curso, se você ainda desejar voltar as suas antigas crenças e forma de viver, tem plena liberdade para fazê-lo. No momento, porém, volte a ser criança; porque disse o Mestre, em coisas espirituais: “Se não vos fizerdes... como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus”. (Mateus 18:3). Se algumas vezes eu for redundante ou repetitiva em alguma ideia, queira lembrar-se que essas são lições e não conferencias.
“Finalmente, esteja fortalecido no senhor e na força de Seu poder”. (Efésio 6:10).
“Finalmente, irmãos, tudo o que for Verdadeiro, tudo o que for venerável, tudo o que for justo, tudo o que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver alguma virtude e se houver louvor, que isso ocupe os vossos pensamentos”. (Filipenses 4:8).
1. Todo o homem crê na escravidão da carne e das coisas da carne. Todo o sofrimento é o resultado desta crença. A história da saída dos Filhos de Israel, de sua longa escravidão no Egito, é descrita pela mente humana ou consciência, surgindo do animal ou da parte perceptiva do homem para a parte espiritual.
2. “Então disse jeová (falando a Moises): certamente tenho visto a aflição do meu povo que está no Egito, e tenho ouvido o seu clamor por causa dos seus mestres. Conheço os seus sofrimentos”.
3. “E disse para livrá-lo das mãos dos Egípcios e para fazê-lo subir daquela terra para uma terra boa e espaçosa, para uma terra que mana leite e mel. (Êxodo 3:7, 8).
4. Essas palavras expressam, exatamente, a atitude do Criador para com a sua mais alta criação, o homem.
5. Hoje, e todos os dias, Ele vem dizendo, a nós, Seus filhos: “Tenho certamente visto a tua aflição, tu que estás no Egito (nas trevas da ignorância), e ouvido o teu clamor em razão dos teus senhores (doença, amargura e pobreza); e vim (não virei, mas vim agora) para livrar-te de todo esse sofrimento e para fazer-te subir a uma boa terra, boa e esperançosa, a uma terra que mana muitas coisas. (Êxodo 3:7, adaptado).
6. Alguma vez, em algum lugar, “todo o ser humano precisa despertar. Cansando-se de comer alfarrobas ele se “levantará e irá a meu Pai”. (Lucas 15:18). Pois está escrito:
“Por minha vida, diz o Senhor, diante de mim se dobrará todo o joelho, e toda a língua glorificará a Deus”. (Romanos 14:11).
7. Isto não significa que Deus é um autocrata severo que, em razão de Seu supremo poder, com ele o homem a curvar-se diante dele. É, antes, uma expressão de ordem da lei Divina, a lei de todo amor, de todo o bem. O homem, que está vivendo, a princípio, na parte egoísta de si próprio, crescerá através de vários estágios e processos para atingir o entendimento divino e espiritual, no qual ele sabe que é um com o Pai e é libertado de todo o sofrimento, porque ele tem domínio consciente sobre todas as coisas. Em algum lugar nesta jornada, o consciente humano ou intelecto atinge um ponto onde, alegremente, se curva ao seu ego espiritual e confessa que este ego espiritual, o seu Cristo é supremo e senhor. Aqui e depois, para sempre, não no sentido de escravidão mas com alegre liberdade, o coração exclamará: “O Senhor reina”. (Salmo 93:1). Todas as pessoas, mais cedo ou mais tarde, atingirão este ponto de experiência.
8. Caro leitor, eu e você, já nos encontramos. Conscientes de uma opressiva escravidão, nós nos erguemos e iniciamos a viagem do Egito, à Terra da Liberdade, e agora não podemos mais voltar, mesmo que desejássemos, embora possa haver ocasiões, para cada um de nós, nas quais nossa coragem parecerá falhar, quando precisamos entrar numa espessa floresta ou enfrentar um Mar Vermelho, aparentemente intransponível, antes que alcancemos a terra de leite e mel (o tempo de completa libertação de todas as magoas e dificuldades). Ainda assim Deus diz a cada um de nós, como Moises disse aos trêmulos Filho de Israel: “Não temais, estai quietos e vede o livramento que o Senhor vos há de dar hoje”. (Êxodo 14:13).
9. Todo o homem deve, mais cedo ou mais tarde, aprender a permanecer só com o seu Deus; nada mais lhe é de valor; nada mais o tornará Senhor do seu próprio destino. Há em seu próprio Senhor, que habita em você, toda a vida e saúde, todo o vigor, paz e alegria, toda a sabedoria e ajuda, que jamais possa necessitar e desejar. Ninguém lhe pode dar, como pode o Pai que habita em você. Ele é a fonte de toda a alegria, conforto e poder.
10. Até aqui, acreditávamos, que éramos ajudados e confortados por outros, que recebíamos alegria de circunstancias e ambientes externos; mas não é assim. Toda a alegria, o vigor e o bem emanam de uma fonte no âmago de cada ser; e, se conhecêssemos somente esta Verdade, saberíamos que, porque do que alguém possa fazer ou dizer, ou falhar em dizer ou fazer, pode tirar-nos a alegria e o bem.
11. Alguém disse: “A nossa liberdade vem de uma compreensão da mente e de pensamentos de Deus para conosco”. Deus encara o homem como seu servo, ou como Seu Filho? Muitos de nós temos nos considerado não apenas escravos das circunstâncias, mas também, na melhor hipótese, servos do Altíssimo. Nenhuma dessas crenças é Verdadeira. É hora de despertarmos para pensamentos corretos, saber que não somos servos mas filhos “e se filhos, também herdeiros”. (Romanos 8:17). Herdeiros de que? Claro que herdeiros de toda a sabedoria, para não necessitarmos, através de qualquer falta de visão, cometer erros; herdeiros de todo o amor para não precisarmos conhecer o medo ou a inveja, ou o ciúme; herdeiros de todo o vigor, de toda a vida, de todo o poder e de todo o bem.
12. A inteligência humana está tão acostumada com os sons das palavras ouvidas desde a infância que muitas vezes, eles não transmitem o seu Verdadeiro sentido. Você já parou para pensar, realmente compreender, o que significa “herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo”? (Romanos 8:17). Isso significa: “Cada homem é a entrada e pode tornar-se a saída, de tudo que há em Deus”. Isto significa tudo o que Deus é e possui é na realidade para nós. Seus únicos herdeiros, se apenas soubéssemos como reclamar a nossa herança.
13. Esta reclamação da nossa justa herança, a herança que Deus deseja que tenhamos em nossas vidas diárias, é justamente o que estamos aprendendo como fazer nestas simples dissertações.
14. Paulo Verdadeiramente disse: “Mas digo que o herdeiro, enquanto criança, em nada difere de um escravo, embora seja senhor de tudo; “
15. Mas está debaixo de tutores e curadores, até o tempo designado por seu pai.
16. Assim também nós, quando éramos crianças (em conhecimento) estávamos escravizados pelos rudimentos do mundo;
17. “Mas quando cumpriu-se o tempo, enviou Deus a Seu Filho... Porque sois Filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espirito de Seu Filho (ou nossas mentes conscientes), que clama: Abba, Pai”.
18. “Assim não és mais escravo, porém Filho: mas se Filho, também herdeiro por Deus”. (Gálatas 4:1-7).
19. É através de Cristo, o Cristo que habita em nós, que receberemos tudo o que Deus tem e é, tanto ou tão pouco quanto possamos ou ousemos reclamar.
20. Não importa a finalidade pela qual você iniciou a sua busca pela Verdade, foi na realidade por ser “a plenitude do tempo”. (Gálatas 4:4) de Deus, para você ser livre agora, ter domínio sobre todas as coisas materiais, não ser mais escravo, mas um filho na posse da sua herança! “Vós não me escolhestes a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vós designei para que vades e eis frutos”. (João 15:16).
21. Chegamos a um ponto onde a busca da Verdade não deve mais ser pela recompensa; ela não deve mais ser a procura de um credo para seguirmos, mas sim uma maneira de vida. Nestas simples lições demos, apenas, os primeiros passos fora da escravidão do egoísmo egípcio, da luxuria e tristeza na direção da terra da liberdade, onde o perfeito amor e todo o bem reina.
22. Todo o pensamento correto, cada uma de nossas palavras ou ações altruístas estão sujeitas a leis imutáveis para trazer bons resultados. Mas em nossa caminhada devemos aprender a perder de vista os resultados que são os “pães e os peixes” (Mateus 15:36). Devemos antes buscar ser a Verdade conscientemente, o amor, a sabedoria, a vida (como realmente somos inconscientemente) e deixar que os resultados se incumbam de si próprios.
23. Cada homem deve reservar algum tempo diário, para a quietude e meditação. Na meditação diária está o segredo do poder. Ninguém poderá, sem ela, desenvolver-se, quer seja em conhecimento espiritual, quer em poder. Pratique a presença de Deus, exatamente como você praticaria a música. Ninguém jamais pensaria em tornar-se mestre em música, a não ser dispendendo algum tempo sozinho, regularmente, para a prática da música. A meditação diária, a sós com Deus, focaliza a presença Divina dentro de nós e a traz ao nosso consciente.
24. Você poderá estar tão atarefado com a pratica e a manifestação de amor para ajudar aos outros (o que é desprendido e próprio de Deus), que que não achará tempo para se apartar dessa ação. Mas, o mandamento, ou antes o convite, é: “Vinde vós, aqui à parte, e repousai um pouco” (Marcos 6:11). E esta é a única maneira pela qual você ganhará conhecimento definido, Verdadeira sabedoria, experiência nova, firmeza de propósito, ou poder de enfrentar o desconhecido na vida diária. O fazer deve vir depois de o ser. Quando formos conscientemente a Verdade, ela se irradiará de nós e executará as obras, sem que precisemos correr para lá e para cá. Se você não tiver tempo para essa meditação tranquila, crie tempo, arranje tempo. Observe cuidadosamente e verificará que há coisas, mesmo no fazer não-egoísta e ativo, que melhor seria se não as fizesse, a ter-se que negligenciar a meditação regular.
25. Você irá perceber que muito tempo é gasto, todos os dias, em conversações ociosas “que apenas ocorrem por alguns momentos“ para passar o tempo. Se você puder ajudar essas pessoas, ‘ótimo, se não, resguarde-se e não desperdice um só momento, desperdiçando-se e dissipando-se, a fim de gratificar a ociosidade delas. Você não tem ideia do que estará perdendo com isso.
26. Quando você se retirar do mundo, para a meditação, não permita que seja para pensar em si mesmo ou em suas fraquezas, mas, invariavelmente, para ter todos os seus pensamentos centralizados em Deus e em sua relação com o Criador e o Sustentador do Universo. Que todos os pequeninos e aborrecidos cuidados sejam postos de lado por um instante, e, mediante esforço, se preciosos for, afaste os seus pensamentos deles, dirigindo-se para algumas palavras simples do Nazareno ou do salmista. Pense em alguma declaração de Verdade, ainda que ela seja bastante simples.
27. Nenhuma pessoa, a menos que já tenha praticado, poderá saber como isto acalma todo o nervosismo físico, todo o medo, toda a hipersensibilidade, todas as pequeninas irritações da vida cotidiana, mantendo apenas esta hora de calma e de serena espera a sós com Deus. Jamais permita que ela seja uma hora de escravidão, mas sempre uma hora de repouso.
28. Alguns, tendo-se capacitado da calma e do poder que provêm da meditação diária, praticam o erro de retirarem-se do mundo a fim de empregarem todo o tempo na meditação. Mas isto é ascetismo, que jamais é sábio ou profícuo.
29. O Nazareno, que representa o nosso mais nobre tipo de vida perfeita, afastava-se diariamente do mundo, a fim de a ele poder voltar com renovada potência espiritual. Dessa forma nós nos recolhemos a quietude da presença divina com renovada inspiração e acrescida coragem e força para agirmos e dominarmos.
30. “Nós falamos a Deus – isto é oração; Deus nos fala - isto é inspiração”. Nós nos isolamos para serenar a mente, a fim de que uma nova vida, uma nova inspiração, um novo poder de pensamento e um novo abastecimento da fonte cerebral cheguem até nós; e, em seguida retornamos para vertê-los sobre aqueles que estão à nossa volta, para que que eles também possam ser energizados. A desarmonia não poderá continuar em nenhuma casa na qual ainda que um só de seus membros pratique esta hora de presença de Deus, pois tão certo é que este renovado preenchimento de coração, pela paz e plena harmonia, redunda num contínuo fluxo de paz e harmonia para todo o ambiente circundante.
31. Além disso, neste novo caminho que empreendemos, o viver a vida do Espirito, ao invés do velho eu, precisamos procurar absorver cada vez mais e mais, do Espirito do Cristo, a humildade e o amor, em nossa vida diária. Humildade não significa servilismo, mas um espirito que poderia erguer-se diante de um Pilatos, com falsa acusação, e nada dizer. Ninguém será maior e mais semelhante a Deus do que aquele que, por conhecer a Verdade do Ser, poderá manter-se humildemente e não perturbado diante das falsas acusações da mente humana. “Pela tua brandura me vieste a engrandecer” (Samuel II 22:36).
32. Devemos perdoar como quisermos ser perdoados. Perdoar não significa chegar-se ao ponto da indiferença, para com aqueles que nos fazem injurias pessoais: significa muito mais do que isto. Perdoar significa dar algum bem real e definido em troca do mal recebido. Alguém poderá dizer: “Não tenho ninguém a perdoar; não tenho um só inimigo pessoa neste mundo”. Porém, se em quaisquer circunstancias, algum pensamento do tipo “muito bem feito para ele” em algum momento surgir em teu espirito, relativamente a algo que algum Filho de Deus possa fazer ou sofre, você ainda não aprendeu a perdoar.
33. A própria dor que você sofre, o próprio fracasso ao manifestar os seus pensamentos e sentimentos relativos a algum assunto que envolve profundamente a sua vida, podem ser atribuídos justamente a este espirito de incapacidade para o perdão que você abriga em relação ao mundo em geral. Ponha-o de lado resolutamente.
34. Não se escravize a falsas crenças relativamente às circunstâncias ou ao seu meio. Não importa quão más poderão parecer determinadas situações, ou quanto possa parecer que alguma outra personalidade esteja na origem de sua tristeza ou dificuldade, Deus, que é o bem, apenas o bem, estará realmente presente, quando você apelar para a expressão de Sua Lei.
35. Se tivermos coragem para persistir em vermos apenas Deus em tudo, até mesmo “a cólera do homem” (Salmos 76:11) será invariavelmente aproveitada em nosso favor. José ao falar da ação de seus irmãos que o venderam como escravos, disse: “Vós, na Verdade intentastes o mal contra mim; porém Deus intentou o bem” (Genesis 50:20). Para aqueles que amam a Deus, “todas as coisas contribuem juntamente para o bem” (Romanos 8:28), ou para aqueles que reconhecem apenas a Deus. Em todas as coisas! As próprias circunstâncias de sua vida, que pareçam males esmagadores, serão transformadas em alegria diante de seus próprios olhos, se você firmemente se recusar a ver outra coisa que não Deus nelas.
36. É perfeitamente natural que a mente humana procure escapar de suas dificuldades, fugindo dos ambientes presentes, ou mediante planejamento de alguma modificação no plano material. Tais métodos de fuga são absolutamente vãos e tolos. “Vão é o socorro da parte do homem” (Salmo 60:11).
37. Não há nenhum modo real e permanente de fuga das misérias e circunstancias; todo o auxílio deve vir de dentro.
38. As palavras “Deus é a minha defesa e a minha libertação”, sustentadas no silêncio, até que elas se tornem parte de seu próprio ser, acabarão por libertá-lo das mãos e dos argumentos do mais hábil advogado deste mundo.
39. A Verdadeira consciência interna de que “O Senhor é o meu pastor: Nada me faltará” (Salmo 23:11) suprirá todas as necessidades, com mais segurança e mais liberalmente do que poderia qualquer mão humana.
40. O objetivo final de toda a criatura deve ser a consciência de um Deus interno, e, então, em todas as questões externas, a afirmação de libertação através desse Ser divino. Não deveria haver correria de lá para cá, no sentido do desenvolvimento de esforços humanos visando auxiliar o Divino, mas antes uma confiança calma, serena e inabalável na Toda-Sabedoria e na Onipotência, que habitam em cada um no sentido da consecução da coisa desejada.
41. A vitória deve ser lograda primeiro no silêncio do seu próprio ser, e então você não precisará tomar parte na demonstração de alívio das circunstâncias. Os próprios muros de Jericó que o mantêm apartado de seu desejo devem ruir diante de vós.
42. O salmista disse:
“Elevo os meus olhos para os montes (ou para o Altíssimo):
Donde há de vir o meu socorro?
43. O meu socorro vem do senhor,
Que fez o Céu e a Terra.
44. Deus (o Senhor que está em seu íntimo)
Te guardará de todo o mal.
45. Deus guardará a tua saída e a tua entrada;
Desde agora e para sempre.
(Salmo 121:1, 2, 7, 8).
46. Oh, se apenas pudéssemos compreender que essa poderosa força, para salvar, aperfeiçoar, libertar e vivificar, mora para sempre dentro de nós, e assim, deixássemos agora e para sempre de apelar para os outros!
47. Só há um caminho para lograr-se toda essa compreensão – o caminho do Cristo. “Eu sou o caminho, a Verdade e a vida” (João 14:6), falou o Cristo pelos lábios do Nazareno.
48. O seu apego às palavras, “Cristo é o caminho”, quando estiver perplexo e confuso, sem poder ver qualquer caminho de fuga, irá lhe abrir. Invariavelmente, um caminho de completa libertação.
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