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Liçoes Sobre A Verdade: Nos Dons Espirituais

1. É muito natural que um coração humano procure em primeiro lugar a Verdade por causa dos "pães e dos peixes" (Mateus 15:36).

2. Não será, talvez, exagerado afirmar-se que a maioria das pessoas se volve para Deus primeiro, por causa de alguma fraqueza, de algum insucesso, de uma necessidade quase insuportável em sua vida. Após terem em vão experimentado todas as outras maneiras de vencer, ou satisfazer o seu desejo, elas se voltam, no seu desespero, para Deus.

3. Existe no coração do mais depravado dos seres humanos, ainda que ele não queira por nada deste mundo que o saibam, uma sensação instintiva de que, em algum lugar, há um poder capaz de lhe dar exatamente aquilo que lhe falta; que, se ele pudesse ao menos chegar perto daquilo que, segundo a sua concepção, é Deus, ele poderia induzi-Lo a conceder-lhe as coisas desejadas. Esta sensação vem igualmente de Deus. É o ser divino, embora seja somente uma fagulha, no íntimo do ser daquele homem, que lhe sugere o verdadeiro remédio para todos os seus males.

4. Inúmeras pessoas têm sido levadas, de maneira especial, a procurar a Verdade pela recompensa material, "por causa das mesmas obras" (João 14:15), nos últimos anos, pois chegaram ao conhecimento de que Deus não só é capaz de libertá-las de todos os fardos de sua existência cotidiana, mas também está disposto a fazê-lo. Todos querem ser livres, livres, livres como os pássaros do céu — livres de enfermidade, livres de sofrimento, livres da sujeição, livres da pobreza, livres de todas as formas do mal; e o homem tem direito a sê-lo; é um desejo mandado por Deus, é um direito dado por Deus.

5. Até aqui, quase todos os ensinamentos têm limitado a manifestação do amor infinito a uma única forma — a da cura. Enfermidades, doenças aparentemente incuráveis e sofrimento reinavam por toda a parte e todo sofredor desejava ficar livre. Nós ainda não sabíamos que há tanta boa vontade quanto poder — e mais ainda, pois havia um intenso desejo — da parte de nosso Pai, de dar-nos algo mais do que uma paciente e mansa submissão ao sofrimento.

6. Quando se começou a ensinar a verdade de que a presença divina está sempre viva no homem como vida perfeita e pode ser induzida, por nosso reconhecimento e nossa fé, a manifestar-se como plena e abundante saúde, foi despertado o interesse geral, e com justa razão. Tanto os mestres quanto os discípulos focalizaram a atenção unicamente nesta consequência da vida espiritual, perdendo de vista qualquer manifestação mais ampla, mais plena, ou mais completa do Pai que está no íntimo do ser. Os mestres afirmaram, enfaticamente, aos seus discípulos que esse conhecimento da Verdade os tornaria capazes de operar curas, e dedicaram todos os seus ensinamentos a explicar os princípios e a dar fórmulas e outras instruções para a cura do corpo. Descobriu-se, com o tempo, que existem aspectos mais amplos e mais profundos da verdade a respeito dos dons espirituais.

7. A cura do corpo é bela e excelente. O poder de curar é um dom divino e, como tal, você está plenamente justificado em procurá-lo. Mas Deus quer dar-lhe infinitamente mais.

8. Por que deveríamos, você e eu, restringir Aquele que é ilimitado, à dádiva de um determinado dom, a menos que, na verdade, estejamos tão intensamente consumidos por um desejo vindo do nosso íntimo, que tenhamos certeza de que este é o mais elevado desejo de Deus para nós? Neste caso nem sequer precisaremos experimentar operar curas. As curas fluirão de nós em qualquer parte que estejamos. Mesmo numa multidão, sem nenhum esforço de nossa parte. Aquele que precisa ser curado receberá a cura de nós; ele nos "tocará" (Mateus 9:21), como o fez aquela mulher em meio à multidão que se empurrava e se acotovelava em torno de Jesus. Apenas uma criatura O tocou.

9. O poder de curar é verdadeiramente uma "vara" da "videira" (João 15:4), mas não é a única vara. Há muitas outras, todas elas necessárias à videira perfeita, que procura, por meio de você e de mim, produzir muito fruto. O que Deus quer é que possamos crescer em consciente unidade com Ele, que nos capacitemos de que Ele, a substância de todo o bem, habita realmente em nós, aplicando-se as palavras: "pedireis o que quiserdes, e vos será feito" (João 15:7).

10. Se você estiver vivendo sincera e fervorosamente a Verdade que conhece e julgar, contudo, que o seu poder de curar não é tão grande quanto era no princípio, reconheça que é para seu próprio bem. Esteja confiante, apesar do que possam dizer-lhe ou pensar, que o fracasso aparente não significa perda de poder. Significa que você deve renunciar ao menor a fim de alcançar o todo, no qual o menor está incluído. Não receie, por um só momento, largar desse pequenino ramo do poder divino; antes, prefira que os pensamentos mais elevados da mente infinita, sejam eles quais forem, sejam realizados em você. Devemos deixar de olhar para as pontas dos ramos, que são os resultados e manter nossos olhos presos à videira.

11. Você é um vaso escolhido para algum propósito. Se, quando for chegado o tempo, você afrouxar alegremente, sem humilhação nem vergonha, nem sentimento de frustração, o seu apego tenso, rígido, mortal a alguma forma particular de manifestação, tal como o poder de curar, e procurar "com zelo os melhores dons" (Coríntios I 12:31), sejam quais forem em seu caso individual, você fará, naquela única direção específica, "obras" que parecerão prodigiosas aos olhos dos homens. Essas obras serão feitas sem esforço seu porque serão Deus, onipotente, onisciente, a manifestar-Se por meio de você em Sua direção escolhida.

12. Paulo disse: "Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes . . . Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo . . . Porque, pelo Espírito, a um é dado o dom da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência; e a outro. . . a fé; e a outro. . . os dons de curar; e a outro, a operação de milagres; e a outro a profecia; e a outro o dom de discernir os espíritos; e a outro a variedade de línguas; e a outro a interpretação das línguas" (Coríntios I 12:1, 4, 8, 10).

13. O mesmo Espírito, sempre e para todo o sempre o mesmo e único Deus, único Espírito, porém em diferentes formas de manifestação. O dom de curar não é maior do que o dom da profecia; o dom de profecia não é maior do que o dom da fé (quando é verdadeiramente a fé em Deus manifestada em nós), embora tão pequena quanto um grão de mostarda, será capaz de remover montanhas; a operação de milagres não é maior do que a faculdade de discernir espíritos (isto é, os pensamentos e intenções dos corações de outros homens, que estão sempre abertos para o Espírito). E "a maior dessas é o amor" (Coríntios I 13:13); pois "o amor nunca falha" (Coríntios I 13:8) em dissolver todas as formas de pecado, pesar, doença e preocupações. "O amor nunca falha".

14. "Mas um só e mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer. Porque, assim como o corpo é um . . . todos os membros, sendo muitos, são um só corpo; assim é Cristo também. . . Se todo o corpo fosse olho (ou o dom de curar), onde estaria o ouvido? Se fosse ouvido, onde estaria o olfato? . . . E o olho não pode dizer à mão: Não tenho necessidade de ti; nem ainda a cabeça aos pés: Não tenho necessidade de vós". "Mas agora Deus colocou os membros no corpo, cada um deles como quis" (I Cor. 12:11, 12, 17, 21, 18).

15. Assim, Paulo enumera alguns dos "dons" que o Espírito deu gratuitamente àqueles que não procuram limitar as manifestações do Santíssimo, mas cedem ao desejo do Espírito neles. Por que haveríamos de recear nos entregarmos às operações do amor e da sabedoria infinitos? Por que teríamos tamanho medo de deixá-Lo agir segundo Lhe apraz, em nós e através de nós?

16. Não tem sido o dom de curar o único que temos procurado alcançar até aqui, um dom excelente e abençoado, não só para nós mesmos, mas também para todos aqueles com quem entramos em contato?

17. Então, por que haveríamos de ter medo de confiar em Deus, dando pleno consentimento a que o Espírito Santo se manifeste por nós segundo lhe aprouver, sabedores que somos de que, seja qual for a manifestação, ela será boa — será um bem para nós e para todos os que nos estão próximos?

18. Oh! Haja mais homens com a coragem de se abandonarem totalmente à vontade infinita — homens que não hesitem em abandonar a orientação de qualquer ser humano e, procurando o Cristo que está neles, consintam que a manifestação seja aquela que Ele desejar.

19. Essa forma de coragem poderia significar, como provavelmente a princípio significaria, um aparente fracasso, uma queda de algum êxito aparente que existiu no passado. Mas essa queda representaria apenas uma poderosa ascensão, uma gloriosa ressurreição de Deus no visível por meio de você da maneira que Ele elegeu naquele mesmo momento. O fracasso momentâneo nada mais significaria senão um grandioso, um glorioso êxito pouco tempo depois.

20. Não tema o fracasso; considere-o antes como um bem pois na realidade o é. Não sofreu Jesus o mais completo fracasso, segundo as aparências, quando Ele permaneceu mudo diante de Pilatos, vendo reduzidos a nada os Seus mais queridos princípios, não querendo libertar a Si mesmo, nem demonstrar o Seu poder sobre as agoniantes circunstâncias em que se encontrava?

21. Mas se não houvesse parecido que Jesus fracassara naquele exato momento, nunca teria havido a demonstração, infinitamente mais gloriosa, da Ressurreição, poucos dias depois. "Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto" (João 12:24). Se você se apegou a certo dom espiritual por ele lhe ter sido ensinado, e começar a fracassar, creia-me, não é senão a morte aparente, o aparente desaparecimento de um dom, para que dele possam brotar muitos novos dons — mais brilhantes, mais plenos, por serem aqueles que Deus escolheu para você.

22. A sua maior obra será executada dentro do campo de ação que Deus escolheu para você. Se você deixar o Espírito possuí-lo integralmente, se consentir que a vontade mais alta seja feita em você e através de você continuamente, você logo será por ela arrancado de suas limitações atuais, denunciadas sempre por um meio-êxito, e entrará numa manifestação tão mais plena, mais perfeita e bela, quanto uma semente nova comparada com uma velha, a qual teve que cair na terra e morrer.

23. Devem perecer os velhos sistemas. O fracasso nada mais é que a morte das formas velhas, a fim de que possam suceder-lhe centenas de novas'. Se chegar para você o tempo em que não poderá demonstrar seu poder sobre a doença, como costumava fazer, não pense que você precisa recorrer ao amparo de outros. Ë belo e excelente que outra pessoa o cure fisicamente, invocando a vida universal através de você; mas, nesse momento, há algo mais alto e melhor que lhe compete fazer.

24. O Espírito, o Espírito Santo, que é Deus em movimento, deseja ensinar-lhe algo, a fim de abrir para você um caminho mais brilhante e mais promissor. Esse fracasso aparente é o convite que Ele lança para chamar a sua atenção e fazer com que você se volte para Ele.

"Une-te pois a ele e tem paz; E assim te sobrevirá o bem". (Jó 22:21)
Volte-se para a divina presença que está em seu íntimo. Procure-A. Mantenha-se em silêncio diante d'Ela. Espere serenamente em Deus, de forma fervorosa, porém constante e confiante durante dias — sim, até mesmo semanas, se for preciso! Deixe-o operar em você e, mais cedo ou mais tarde, você ressurgirá numa vida de renovação e poder com a qual jamais sonhara antes.

25. Quando chegam esses períodos de transição, nos quais Deus nos quer conduzir a um plano mais elevado, se nós nos sentirmos atemorizados ou desanimados, perderemos a lição que Ele nos queria ensinar, e adiaremos, desta maneira, o momento de recebermos nosso dom mais pleno e mais alto. Em nossa ignorância e medo, estaremos aferrando-nos ao velho grão de trigo que podemos ver, não ousando deixá-lo cair no solo e morrer, receando que não haja ressurreição, nem renovação da vida, nada mais alto ou mais glorioso a nascer dele.

26. Oh! Não receemos por mais tempo o nosso Deus, que é todo o bem, e deseja somente fazer de cada um de nós um gigante em lugar de um pigmeu!

27. O que todos nós precisamos, acima de qualquer outra coisa, é cultivar o nosso conhecimento ou consciência do Espírito em nós. Devemos fazer com que nossa atenção se desinteresse dos resultados, e procurar viver a vida. Os resultados nos "serão acrescentados" (.Mateus 6:33) em maior proporção, quando volvermos nossos pensamentos menos para as "obras" e mais para a incorporação do Cristo interior em todo o nosso ser. É chegado o tempo em que se deve falar menos a Verdade, em que deve haver menos tratamentos e desejos de ser curado, com o mero intuito de ficar livre das más consequências de um modo errôneo de viver; deve-se viver mais a Verdade e ensinar os outros a fazê-lo. Deve haver mais incorporação da Verdade em nossa própria carne, em nossos próprios ossos.

28. Como se pode conseguir esse resultado?

29. "Eu sou o caminho e a verdade e a vida" (João 14:6), diz o Cristo que está no centro do seu ser.

30. "Eu sou a videira, vós as varas; quem está (conscientemente) em mim, e eu nele (em sua consciência), esse dá muito fruto; porque sem mim (ou separados de mim em sua consciência) nada podeis fazer. Se vós estiverdes em mim e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes e vos será feito" (João 15:5, 7).

31. Eu lhe asseguro, como o fazem todos os mestres, que você pode tornar manifestas em sua vida, todas as boas coisas de qualquer espécie que desejar, se as considerar como suas, no invisível, até o momento em que elas se manifestam. Mas, amado, não vê você que o seu pensamento mais elevado, o primeiro — direi mesmo contínuo — deveria ser o de procurar o meio de estar n'Ele, o de procurar o conhecimento, como realidade viva e não como teoria sutil, de que Ele está em V.? Feito isso, peça o que quiser, seja o poder de curar, de expelir os demônios, até mesmo "as maiores obras" (João 14:12), e isto "vos será feito" (João 15:7).

32. Há um só Espírito — "Um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos. Mas a graça (ou o dom gratuito) foi dada a cada um de nós, segundo a medida do dom de "Cristo em nós" (Efésios 4:6, 7).

33. "Por cujo motivo te lembro que despertes o dom de Deus que existe em ti" (Timóteo II 1:6).

34. Não tema, "Porque Deus não nos deu o espírito do temor, mas de fortaleza e de amor e de moderação" (Timóteo II 1.7)

35. Tudo é o único e mesmo Espírito. Para obter o maior êxito, você não precisa de meu dom, nem eu preciso do seu; cada um de nós quer o que lhe é próprio, o dom que se coaduna com o seu tamanho e a sua forma, com a sua capacidade e os seus desejos, assim como escolher, não o que há de humano em nós, mas o que há de mais elevado. Procure ser cheio do Espírito, ter a realidade das coisas incorporadas no mais alto grau em sua consciência. O Espírito revelará, à sua compreensão, o seu dom específico, ou a espécie de manifestação que Deus deseja por seu intermédio.

36. Não abandonemos nossa própria obra, nosso próprio Deus em nós, para olhar ou copiar a do nosso vizinho. Não procuremos fazer nosso o seu dom; não critiquemos o seu fracasso em manifestar qualquer dom específico. Sempre que ele fracassar, demos graças a Deus por estar conduzindo-o a um lugar mais elevado, onde poderá efetuar-se, através dele, uma manifestação mais plena e mais completa da divina presença.

37. E "Rogo-vos, pois, eu, que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão com longanimidade, suportando-vos em amor uns aos outros; procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz" (Efésios 4:1, 3).

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Copyright of Portuguese Translation © 2014 by TruthUnity.net under Creative Commons Attribution-NoDerivatives 4.0 International (CC BY-ND 4.0)

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